AS MELHORES HARMONIZAÇÕES DE VINHO PARA O JANTAR DE NATAL
Conheça as principais regras para fazer uma boa harmonização. Junte família e amigos e divirtam-se a encontrar as melhores combinações entre o vinho e os sabores típicos desta quadra.
Quando fazemos uma harmonização de vinho com comida, a expectativa é que essa combinação resulte numa experiência ainda mais prazerosa do que aquela que teríamos se provássemos esse prato e esse vinho de forma isolada.
Desta interação resultam novas sensações, que têm como base a conjugação das características de cada elemento. O objetivo aqui é encontrar a melhor combinação para potenciar essas sensações positivas.
As harmonizações abrem assim portas a um mundo infinito de combinações e de experiências distintas. Neste Natal, propomos que reúna família e amigos e que, juntos, partam à descoberta de harmonizações bem sucedidas e surpreendentes. Deixamos-lhe algumas notas sobre a forma como os vinhos e a comida podem interagir, para que possam cumprir este desafio com sucesso.
Harmonizações: um diálogo que vai para além dos sabores
Ao provarmos um prato, as nossas papilas gustativas adaptam-se às características desse alimento, alterando a perceção dos componentes do elemento que provamos a seguir, neste caso, o vinho. De um modo geral, a comida tem maior impacto na forma como iremos sentir o vinho do que o inverso.
Ao contrário do que muitos possam pensar, uma harmonização bem conseguida não depende da combinação de sabores do vinho e da comida. Ela resulta da forma como os componentes estruturais de cada um destes elementos se comportam na presença uns dos outros. Conhecendo estas interações, a harmonização procura estabelecer um equilíbrio, de forma a conjugar as características do vinho e do prato, evitando que umas se sobreponham às outras.
Entre os componentes que mais influenciam uma harmonização, encontramos o açúcar, o sal, o umami, a acidez, o picante e o amargor.
> Harmonizar um vinho com um prato doce
A doçura de um prato aumenta a percepção do amargor, da adstringência e da acidez no vinho. Ao mesmo tempo, reduz a perceção do seu corpo, da doçura e da presença de fruta.
Desta forma, para harmonizar pratos com um elevado nível de açúcar, uma boa regra a seguir é escolher um vinho que tenha um grau de doçura mais alto do que o prato.
> Harmonizar um vinho com um prato com um nível alto de umami
Ainda que seja difícil identificá-lo individualmente, o “umami” - palavra japonesa que significa “saboroso” - é considerado o quinto gosto básico do paladar humano, a par do doce, do ácido, do amargo e do salgado. É conhecido por realçar o sabor dos alimentos, promovendo a sensação de prazer ao comer.
Tal como na doçura, um prato com um elevado nível de umami tende a fazer com que um vinho seja sentido de forma mais “dura”, surgindo na boca de um modo mais adstringente e mais amargo e, simultaneamente, menos doce e menos frutado. Neste caso, a escolha de um vinho com uma presença acentuada de sabores de fruta, pode resultar numa harmonização bem sucedida.
> Harmonizar um vinho com um prato com alguma acidez
A presença de alguma acidez na comida é, geralmente, vista de forma positiva numa harmonização. O travo ácido do prato vai, por um lado, ajudar a diminuir a perceção da acidez no vinho e, por outro, realçar o seu corpo, a sua doçura e o seu caráter frutado.
Alimentos com uma acidez acentuada devem, assim, ser combinados com vinhos mais ácidos. Caso contrário, vinhos com baixo nível de acidez poderão parecer demasiado planos e pouco nítidos.
> Harmonizar um vinho com um prato salgado
De uma forma geral, os pratos com um alto nível de sal também harmonizam bem com o vinho, já que este componente na comida vai realçar a fruta de um vinho e suavizar a sua adstringência.
> Harmonizar um vinho com um prato picante
Pratos muito picantes podem ser harmonizados com vinhos suaves e com um baixo nível de taninos, já que o picante potencia a sensação de amargor e de adstringência do vinho.
Outro dos efeitos provocados pelo picante é o aumento da sensação ardente do álcool. A combinação com um vinho de menor teor alcoólico resultará, à partida, numa escolha mais equilibrada, ainda que algumas pessoas apreciem esse efeito de calor.
Por outro lado, a percepção do caráter frutado e da doçura do vinho pode ser diminuída pelo picante, pelo que se optar por vinhos com níveis altos de fruta e de açúcar vai conseguir amenizar esse efeito.
> Harmonizar um vinho com um prato amargo
Os sabores amargos tendem a somar-se uns aos outros. Assim, pratos com um travo amargo evidente vão enfatizar o amargor no vinho, o que pode provocar uma junção desagradável. Para este tipo de pratos, vinhos mais suaves e pouco tânicos resultam numa escolha mais segura.
A compreensão deste tipo de interações básicas vai ajudá-lo a orientar as suas escolhas. Ao pensar numa harmonização é importante que leve em consideração todos os elementos que compõem um prato, nomeadamente molhos e acompanhamentos, já que estes podem ter influência no equilíbrio que procura. Quantos mais componentes estruturais existirem no prato e no vinho a combinar, maior será a quantidade de interações possíveis, o que pode tornar a harmonização mais complexa, mas também gerar resultados e sensações mais interessantes.
À procura da hamonização perfeita
Encontrar o melhor vinho para acompanhar um determinado prato não é um desafio linear.
Por muito que se domine a forma como um prato pode afetar o equilíbrio de um vinho, uma harmonização tem sempre de levar em conta as preferências e a sensibilidade de cada pessoa. Aquela que é uma combinação bem sucedida para si, pode não o ser para a pessoa que está ao seu lado. Esta dose de subjetividade faz com que não exista uma fórmula única para se alcançar uma boa harmonização. Como tal, a ideia de “harmonização perfeita” é algo utópico.
Ainda assim, há combinações que são capazes de gerar um maior consenso. A escolha de vinhos de acidez alta para acompanhar pratos mais gordurosos ou a junção de sabores doces e salgados são exemplos de algumas conjugações “clássicas”, apreciadas por um grande número de pessoas. À medida que for conhecendo e percebendo as harmonizações que têm maior sucesso, terá mais facilidade em arriscar e em fazer as suas próprias combinações com êxito.
Sugestões para as melhores harmonizações na ceia de Natal
Pensar em harmonizações de Natal não é uma tarefa simples. Não só pela variedade de pratos e sabores que nos chegam à mesa, mas também pela diversidade de gostos pessoais que é preciso conciliar, tendo em conta que esta é, acima de tudo, uma festa da família.
Vamos facilitar-lhe a missão. Use os conhecimentos que já partilhámos consigo, siga as nossas orientações e parta à aventura no mundo das harmonizações. Espreite a nossa garrafeira, onde encontra vinhos para todos os momentos.
Aperitivos
Que tal surpreender os seus convidados oferecendo um vinho do Porto no início da refeição? Para acompanhar aperitivos salgados, um Porto Branco pode ser uma boa opção.
Combine-o com frutos secos, presunto e enchidos ou peixes fumados. Para uma harmonização com patês, foie gras, ou queijos curados, experimente o caráter mais aromático de um Porto Tawny.
Marisco
É daqueles que não dispensa uma boa seleção de marisco na ceia de Natal? Este ano, leve essa experiência para outro patamar, juntando aos sabores do mar a companhia de um vinho Rosé leve e fresco.
Bacalhau
Ainda que possa ser preparado de mil maneiras diferentes, o rei da consoada mantém sempre o seu sabor forte, com um toque salgado e a presença de alguma gordura. Um prato de bacalhau pede um vinho de sabor intenso, com uma acidez elevada e um nível reduzido de taninos. Um vinho Branco encorpado e com estrutura capaz de dar resposta ao caráter saboroso deste peixe pode ser uma escolha interessante.
Polvo
O mesmo branco de caráter que combinou com o bacalhau pode fazer uma boa parelha com o polvo cozido, outro dos pratos típicos da quadra natalícia. Como alternativa, pode também experimentar um rosé mais estruturado ou um tinto leve, de taninos equilibrados.
Perú e outros assados
Outra presença habitual na mesa de Natal é o perú assado com castanhas, um prato que combina bem com um vinho Tinto elegante, de médio corpo e alguma frescura à mistura.
De notar que a carne desta ave tem um sabor relativamente neutro, o que faz com que o protagonismo do prato, muitas vezes, seja entregue aos molhos ou aos acompanhamentos. É assim importante ter em conta as características destes elementos, uma vez que poderão ser eles a determinar o vinho ideal para acompanhar.
Se é um apreciador de lombo assado, de leitão ou de pernil, o desafio é um pouco diferente. Ainda que tenha também um sabor delicado, a carne de porco é mais gordurosa. Assim, quando pensar nesta harmonização, procure um vinho de sabor menos intenso e com um acidez mais elevada. Um branco leve, um rosé delicado ou um tinto mais suave podem ser boas escolhas para um resultado equilibrado.
Já um tradicional cabrito assado com batatas merece um tinto mais complexo e mais encorpado.
Sobremesas
Se ainda houver espaço para a sobremesa, traga para este momento a companhia do mais icónico vinho nacional – o vinho do Porto. Explore a sua versatilidade e descubra como existe mesmo um Porto para todas as ocasiões.
A maior parte dos doces típicos de Natal, feitos à base de ovos, açúcar ou frutos secos, vão fazer um bom casamento com um Porto da família Tawny, um vinho mais doce, com notas acentuadas de frutos secos, especiarias e madeira. Um Tawny é também uma boa combinação para acompanhar queijos de pasta mole.
Se não resiste a uma sobremesa com chocolate ou frutos vermelhos ou se prefere queijos de pasta dura, vai querer provar a combinação com um Porto Ruby, um vinho de caráter mais frutado.
Por último, se é adepto de sabores mais intensos, deixe-se surpreender pela junção do chocolate negro, das frutas secas ou de queijos mais envelhecidos ou marcantes (como o queijo azul) com o caráter excecional de um Porto Vintage. Há uma grande probabilidade de não se arrepender!
Bons motivos para brindar numa noite especial
Neste Natal, mais do que combinar pratos e vinhos, lembre-se que a harmonização perfeita faz-se de sorrisos, boas conversas e muita cumplicidade à mesa.
Por isso, não se prenda demasiado às regras e atreva-se a experimentar diversas conjugações.
Torne esta descoberta num processo divertido e desafie família e amigos a encontrar as combinações preferidas de cada um. Daqui resultarão momentos memoráveis, que são aqueles que melhor harmonizam com o espírito de Natal.
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